Um ano e pêras
Foi um ano e pêras. O que quererá isto dizer? Talvez tudo e nada ao mesmo tempo. Pêras? Na verdade, foi um ano para esquecer, mas com muito mais para recordar. Foi certamente um ano diferente, pensando em tudo o que tenho em mente. Faz um ano, estava a visitar as caves mais profundas da vida; agora canto empoleirado em telhados bem vistosos, acompanhado por dezenas de outras aves canoras. A vida é um vai e vem entre caves e telhados, entre divisões bem bolorentas e outras onde a primavera entra pelas janelas e toca em tudo à sua volta. Era pai e agora sou avô da princesa mais bonita deste mundo. Há um ano a princesinha passou a existir, agora já é gente de corpo inteiro. Nasceu e foi logo convocada para visitar as caves, mas ela disse-lhes que somente queria viver em casas soalheiras, cantar empoleirada em telhados vistosos, ter imensas janelas, aves a cantar nos quintais. Um ano horribilis como dizia a rainha, mas com tanto de bom que o horrendo refugiou-se nas suas cavernas. Hou...