Airoso
Airoso se fez; airoso já era. Oh coro divino de que matéria tu és? De que coisa és feito, afinal quem és? Airoso, airoso; gentil tu és. Dás-nos uma pasta e um lápis; um monte de folhas e uma borracha; letras impressas e melodias de memória; tempos e respirações. E só nos pedes, afinal, uma pequena ave que por ti cante.
Por montes e montanhas, cantando e encantando, inspirado no menino, seguindo José, vais anunciando a paz que o menino traz. Na noite, os sinos ressoam, o rapazinho toca o seu tambor, as vozes em uníssono repetem a prece: cantam o amor, num mundo de ódios e mentiras, celebram o Natal, a luz no nascimento de uma criança, a esperança, mesmo que vã, mas sempre luminosa. Na desesperança, quando a verdade nos mata, mesmo na dor, encontras uma fina fresta por onde entra a luz. Celebras a união e o amor, numa noite que se diz ser santa, mas na qual muitos não sentem a mesma esperança. Cantas o belo que é estarmos juntos, a felicidade de cantarmos a uma só voz, a benção que dás e que fazes crescer a cada novo ensaio, a cada apresentação. Deixas impressões no tempo, farrapos de liberdade, fragmentos do belo, melodias a várias vozes.
O palco vira céu, os rouxinóis de bico amarelo são agora anjos e arcanjos, seres celestiais, ovelhas da paz, guardadores do pequeno cordeiro. A mãe pastora, com sementes de céu no olhar, dirige o rebanho. Temos de ir com cuidado, murmura ela, pois o menino não tarda nascerá. Um bando de andorinhas sobrevoa o palco, pousa numa árvore e começa a chilrear. Que sorte temos, oh pinheirinho de Natal, que sorte é ver nascer botãozinho mais galante, florir espectáculo igual.
Aléri, alegria; aléri, aleluia.
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