Afastados

Afastamo-nos instintivamente. Uma reação ganha nestes dois anos. Ficamos na dúvida do abraço, a uma distância de aproximação controlada por ambos os pólos, como se algo nos atraísse para logo depois nos afastar. Cruzamos os olhares, tentando perceber o outro, procurando saber a distância, qual das forças é maior: se o desejo que nos aproxima, se a cautela que ganha sempre esta batalha. Voamos em orbitas baixas, distantes, mantendo o afastamento entre as naves, fitando uma vez mais o Natal. Um ano mais de uma série que não sabemos o fim, com várias temporadas, todas parecidas, coladas umas às outras. Parece que veio para ficar, que não nos quer largar, afastar-se de nós, deixar-nos em paz. Entretanto, diverte-se, travestindo-se de multiplas formas, num jogo sem graça alguma, que não queremos jogar. Somente queremos que seja Natal.

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