Hábitos

A tarde deu lugar à noite, um pouco mais cedo que ontem. Assim será até ao Natal. O Comandante ouve as notícias enquanto atravessa a cidade, no seu transportador individual, de regresso à sua nave. Faz semanas que o faz diariamente: da sua nave para a nave obreira; desta de regresso à sua. Não fosse o vazio, a quase ausência de companhia diária, diria que era o habitual, que nada de anormal acontecera. Rapidamente o hábito voltou a ocupar o seu tempo nas manhãs e no fins de tarde. Sente-se bem neste regresso, na redefinição do espaço de trabalho, na separação das restantes actividades. A sua nave voltou a ser a sua nave; o trabalho regressou ao seu espaço. As notícias são preocupantes, parecem ecos dum passado recente que queria tivesse acabado. As mesmas vozes; o mesmo discurso; os mesmos indicadores; a mesma antecipação do que está para vir. O comandante tem esperança que não o seja, que não tenha que subir novamente para órbita, mesmo que seja para órbitas baixas. Reconquistado o presente, não quer que este se altere novamente. #VaiFicarTudoBem

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