E agora

E agora que devo sentir? Estão os três ali fora sentados, em torno da comida, da conversa, de algo que nos une para lá da presença. São e já não são; deixaram de ser e continuam a ser. Existe algo maior que isto? Deste sentimento que me encolhe a garganta, que me verga perante a alegria de estar, que me confunde, que me deixa perplexo com o que criámos, com aquilo que, sem consciência, agora existe, com a enorme beleza de tudo isto. Ela uma mulher; ele um homem; a mãe ainda mais mãe, ultrapassada pela vertigem da mudança, pelo encanto de estarem aqui, neste lugar que é casa. Conversam sobre tudo e sobre nada, envoltos numa morna tarde, pouco usual por estas paragens. Um dia em cheio; até a seleção passou para a próxima fase mantendo a cabeça erguida. O Balu e Cinzentinho rondam a mesa, esperam pelos restos do maravilhoso peixe, eles também apatetados pelo calor, pela comida, pela presença. Porquê duvidar da beleza da vida, do encanto deste mistério, da brisa quente, do céu azul? Sinto-me adormecer, embalado pelo Arinto, aparado por eles. #VaiFicarTudoBem

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