Assobiando

Estacionámos a nave numa zona precária que ainda não sabemos se definitiva. Tudo indica que sim, mas ainda sentimos o chão a fugir, o equilíbrio instável. Estamos meio imunes ao bicho e ao mundo que nos rodeia, aguardando, lá para o final do mês, a segunda e definitiva camada. E depois? Continuaremos de pedra em pedra, procurando não molhar os pés, manter um norte, seguir a estrela. Não está fácil! Atrás dos tempos, vêm tempos e outros tempos hão-de vir. A única certeza é o avançar do relógio, a incerteza do amanhã, a deriva destes tempos, a surpresa constante a cada passo. Quem diria que aqui estaríamos, vivendo estes tempos, desta forma. Na verdade, nunca adivinhei o futuro, este sempre me surpreendeu, para o bom e para o mau. Somente esperei, na certeza que um dia não mais me chamarão, que um dia deixarei de esperar. Da escotilha observo o mundo lá fora, agitado, indiferente à luz e ao cheiro, num fluxo constante, ignorante, indiferente, alheado destes tempos, fingindo que outros serão , que nada se alterou. Não sei se conseguirei voltar. Questiono o que mudou em mim, que alterações o mundo sofreu, como estarão os outros. Talvez não queira voltar ou simplesmente queira acordar, ignorando, seguindo como se nada fosse, assobiando para o ar. #VaiFicarTudoBem

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