Assintomático Desconhecido

Houve um tempo em que vivíamos num planeta, num mundo normal, em que estar em órbita era a excepção. Um tempo em que não aguardávamos pelo fim seja do que for, um tempo em que a vacinação era algo vulgar e não era uma operação militar em massa. Na verdade, escutando os noticiários orbitais, descobrimos que não só temos vacinas mas também vácinas e inoculações, dependendo da latitude, do repórter e do entrevistado. Talvez seja por a doença não ser exactamente a mesma, parece-me ter variantes regionais. Vai desde o normal Covid, até Cóvid e Cuvid ou ainda Cuvide, uma forma conforme o último acordo ortográfico. Depende somente da proveniência dos interlocutores. A porra, é que se chame como se chame, a merda do bicho é o mesmo e nunca mais vai para a terra dele chagar os cornos a outros. Voltou o sol e o som das crianças a brincar no recreio da escola. Não mais ouvi o cantar dos pássaros que nos encantou faz um ano. O vizinho de cima comprou uma passadeira e insiste em correr em cima dos meus ouvidos. Os cães ladram e a caravana passa. Este monte de parvoíces deveria ser dedicado ao grupo de Assintomáticos Desconhecidos, uma designação que ouvi recentemente e que mostra que ainda existem aqueles que insistem na não revelação da identidade. Talvez sejam tímidos nada mais. Uma boa semana para vocês todos. #VaiFicarTudoBem

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