Pouco mais
Pouco mais há para escrever, nada para dizer, muito para repetir. Esperamos e olhamos: este é o ritmo dos nossos dias; um lento deslizar que cada vez mais nos inquieta, nos atordoa. Os números estão uma merda e nunca mais há um sinal que indique que tenham vontade de vergar-se, tomar a rampa e desaparecerem num qualquer planalto, numa planície com horizonte bem lá adiante. Da nave tenho uma vista que só muda ao ritmo das estações: uns dias mais claros alternando com outros mais sombrios. Por estes dias prefiro, sem sombra de dúvida, os dias de sol e luz anti-depressiva. Nem sempre foi assim. Tenho saudades dos dias frios no Chiado, das lojas, da azáfama. O cerco aperta-se a cada dia que passa; a cada hora estamos mais reduzidos ao espaço da nave e à fina fronteira exterior. A esperança somos nós e aquilo que fazemos para manter a cabeça erguida, bem sobre os ombros, o olhar focado no infinito e muito mais além. Onde temos estado ao longo destes meses? Que caminho percorremos para aqui estarmos, em órbitas mais afastadas, ainda com um receio maior, com mais mortes para lamentar? Um vento de esperança sopra das Américas. Pode ser o primeiro sinal que melhores dias estão para chegar. #VaiFicarTudoBem
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