Deslasse

Dezoito dias passados deste dezembro, nove meses depois, continuamos em órbita. Ao escrever estas duas palavras senti saudades do “Em Órbita” do antigo FM estéreo, um programa de autor, maravilhoso, muito cuidado, como era comum nessa época. Era um tempo em que ainda era inocente e onde ainda não tinha percebido o deslasse que me rodeava. Estas semanas, parte dos nossos estrangeiros refugiaram-se na nossa nave. Aqui diariamente abrem os seus postigos e comunicam para tantas outras naves, em tantas outras órbitas. Tê-los por perto faz o tempo fluir doutro modo: suave, simplificado. Permite acomodar um pouco um outro deslasse, aquele em que temos vivido este ano. O deslassar (li a palavra no Público e adotei-a) começou em Março desde ano, sim, deste ano, mesmo que pareça que tenha sido faz séculos, mesmo pensando que afinal assim sempre vivemos, que assim estamos destinados a viver: em bolhas, cada um na sua nave, deslassados. Há uma esperança que nos diz que finalmente iremos conseguir enlaçar de novo as nossas vidas mas ainda não sabemos bem quando. Até lá resta acreditar que #VaiFicarTudoBem.

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