Eclipse

E aos vinte e dois dias passados deste Novembro, o sol brilha e o eclipse está para durar. Em Março e Abril, era uma cena concreta, objectiva, algo a que nos podíamos agarrar e ter como nosso; um acto colectivo que ecoava forte em cada um de nós, um propósito, um desconhecido que nos acalmava, que nos deixava perplexos, ansiosamente expectantes. Por detrás da máscara, enfrentamos uma outra cena, uma distinta percepção da névoa que nos rodeia, um fantasma, uma sombra que não vemos mas que nos persegue. Em órbita, procuro a Terra, eclipsada numa penumbra persistente, ausente do espaço, aguardando o alinhamento astral que só os deuses saberão quando se irá concretizar. É o eclipse mais longo das nossas vidas, um instante que se prolonga, enlaça, suspende; que não começa e acaba numa fração temporal cientificamente calculada; um ser viscoso que nos entra nos poros; uma linha que teimosamente continua a sair do rolo. #VaiFicarTudoBem 

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