Quero mas não posso

Tenho fome de liberdade, da ausência de regras, de ser livre sem estar condicionado, da ausência de estatísticas, indicadores e curvas sempre a subir, que teimam em não aplanar. Tenho sede do zero, da linha recta coincidente com a abscissa, com o eixo dos xis; nula, ausente, fora das nossas vidas. Quero dar abraços em total liberdade, sentir o corpo do outro no meu, o calor, a emoção. Quero vaguear por todo o lado, sem medos e precauções, sem estranhos acessórios, ver o sorriso dos outros, descobrir a sua face, respirar o mesmo ar. Quero desligar o motor da nave, vendê-la, não mais dela necessitar, não a ter em prontidão, não precisar a qualquer momento de voltar para órbita. Estamos mergulhados na calamidade, à beira da emergência, do estado de sitio. Não quero ter mais paciência, continuar à espera, não ver a luz ao fundo do túnel.
Quero, sim quero, mas não posso, por mim e, mais que tudo, pelo respeito que devo aos outros. Por mais uns meses assim será, até que reconquistemos a liberdade. Por ora há que manter a calma e dar graças  pela muita liberdade que, mesmo assim, temos.
#VaiFicarTudoBem

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