Inconclusivos
Continuam a chamar-lhe o novo corona vírus. Não entendo, já passaram muitos meses, quase um ano e continuam a chamar-lhe novo. Já está bem velhinho e causou suficiente mal para o tratarmos com tanto carinho, como se fosse um recém aparecido, uma coisinha fofa. Nada disso, é bem nosso conhecido, tem picos, garras, e está longe de conseguimos dominá-lo. Como se não fosse suficiente, não nos bastando os assintomáticos, agora apareceram, em bom número, os inconclusivos, seres que não conseguem decidir quem são ou o que são, seres que vivem num estranho limbo, numa ansiedade própria, única. Como os diferenciar? Talvez, por cautela, deixá-los no meio, nem dum lado, nem do outro. Os assintomáticos são, sem o saberem, mas são; sofrem de déficit de auto-conhecimento, não escutam os próprios sinais ou não sinalizam o seu estado. Ser inconclusivo é mais preocupante: é não fazerem a menor ideia a quem pertencem, em que lado do campo de batalha se posicionam, ficar no meio à mercê das balas de ambos os lados. O melhor é aguardarem, bem resguardos, longe, até que se consigam definir, até que saibam quem são. Mantenho a nave em prontidão, não vá o Posto de Comando concluir que temos novamente que partir para órbita. Dizem que não vai acontecer, que podemos continuar por aqui, mas, pensando bem, as afirmações são um pouco inconclusivas.
#VaiTudoFicarBem
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