Covid dia 67

Nada de real interesse escrevo nestas crónicas; nada de interesse faço estando fechado nesta nave; os passos que dou repetem-se a cada novo dia; um buraco acabarei por abrir no chão, qual príncipe louco encarcerado num quarto dum qualquer palácio. Estou a exagerar, mas se o cabrão do vírus não for em breve vencido, para lá caminharei. Sinto cada vez mais falta de ir trabalhar sem merdas ou medos, de sair em liberdade, de perder horas no trânsito, de ir ao cinema sem receio do bicho entrar-me pelas narinas, de beber um café num qualquer café, uma imperial com tremoços ombro a ombro com amigos, simplesmente passear. O pior é que a minha gaja tem ido trabalhar e deixa-me aqui à mercê do enxame. Acompanhou as muitas naves que já desceram à Terra e estão em pleno retorno à (a)normalidade. O planeta volta a ter movimento e agitação, a poluição já deve ter voltado a níveis decentes, estamos em pleno desconfinamento. #EuQueroVoltar #VaiFicarTudoBem