Covid dia 66

Um enxame, é isso, isso mesmo, a fugir dum enxame, é essa a imagem que me persegue desde o início do estado em que estamos e que ainda não tinha conseguido realizar. Hoje sonhei. Um enxame de bichos invisíveis, que eclodiu num mercado em Wuhan, lentamente atravessou a China a caminho da Europa, atravessou o Atlântico, espalhou-se pelas Américas e foi-se diluindo no Pacífico. Nós a fugir dum enxame que somente pressentíamos, em apneia a entrar na nave, a fechar todas as janelas, todas as frestas, a enxotar o enxame de bichos, a selar a porta da nave, a subir para órbita e a finalmente conseguimos voltar a respirar um pouco. E agora? O enxame ficou a pairar, não se sabe bem onde, por várias semanas, meses, azucrinando-nos a paciência, até que se terá cansado de nós e terá dispersado ou seguido para parte incerta. Algumas unidades, alguns seres, terão ficado para trás, escondidos, numa manhosa manobra de dissuasão, uma táctica para nos apanhar em falta, para voltarem, uma vez mais, a picar e sugar-nos o nosso sangue. Temos estado a fugir dum enxame, duma mancha invisível que felizmente somente sabemos existir pelos relatos de outrem. Que coisa mais parva, que os Santos nos protejam.
#EuQueroVoltar #VaiFicarTudoBem

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