Covid dia 55
Tenho a sensação que estamos a sofrer uma deformação do espaço e do tempo, uma compressão dos segundos, minutos, horas; que os dias são mais curtos, cópias imperfeitas, uns cagagésimos largos de segundos menos que o dia anterior. Enquanto não iniciarmos a reconstrução do mundo, não voltaremos a ter segundos com a duração padrão, um pouco mais de nove mil milhões de períodos da radiação entre níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio-133. As coisas que o assistente de bolso sabe. Incrível! No lusco-fusco a este, a dezoito graus acima do horizonte, vejo o planeta Vénus brilhando intensamente. O mesmo assistente pessoal informa-me que um dia em Vénus dura cerca de cento e dezasseis dias terrestres. Um ano em Vénus não chega a durar dois dias venusianos. Nunca em tal tinha pensado. Como seria a vida num planeta assim? Longas noites, seguidas de longos períodos diurnos. Sinto alguma semelhança com a nossa vida por estes dias. Há um ditado que diz que quando se acaba o dia, acabam-se os males, mas em Vénus como neste estado em que estamos, neste estranho viver, não sinto que seja assim. Perduram, continuam no dia seguinte, atravessam a madrugada, o sono. Um dia nesta nave dura poucos segundos, o tempo do pêndulo ir e voltar; um dia nesta nave eterniza-se, é uma nova noção de suspenso, tem um novo significado. Chove, o dia está cinzento mas está bonito. Oiço passarinhos num ninho aqui perto. A nave está silenciosa, continua em espera. #EuQueroVoltar #VaiFicarTudoBem
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