Covid dia 50

Vejo as imagens das praias vazias num dia de sol e não consigo deixar de sentir frustração. Um desperdício. O calor aperta e torna mais pesado o passeio higiénico, empurra-nos para casa, para uma sombra fresca, na busca duma brisa. Bom seria perto do mar. Saímos do estado de emergência, passamos a estar em calamidade. O tempo convida a sairmos e a furar as regras. Platão há milhares de anos atrás, escreveu algo como o seguinte: boas pessoas não precisam de leis para lhes dizer que ajam com responsabilidade; enquanto as pessoas más encontrarão uma maneira de contornar a lei. Impressiona-me que tenhamos mudado tão pouco em tantos milhares de anos. A historia repete-se perenemente; ainda vamos a tempo de usar os exemplos de há cem anos, da gripe espanhola, para evitar catástrofes maiores mas temo que Platão tenha razão e que estejamos à mercê da boa vontade da maioria. Até agora venceram as boas pessoas; daqui para a frente só o tempo saberá. Somente sabemos que esquecendo a história estamos condenados a repetí-la. A nossa forma de vida baseia-se no movimento, na deslocação constante de dados, pessoas e coisas. Os primeiros não foram afectados porque vivem num mundo sujeito a um outro tipo de vírus. Os restantes foram parados, suspensos e aguardam impacientemente que possam voltar a deslocar-se. É esta impaciência que nos deve preocupar. Estamos no quarto dia deste maduro maio, está menos calor, passaram cinquenta (credo!, cinquenta) dias desde que subimos para órbita profilática. Tenham uma excelente segunda-feira. #EuQueroVoltar #VaiFicarTudoBem

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