Covid dia 47

Hoje deixei-me dormir. Fui acordado pelas gatas arranhando a porta, pedindo comida e atenção. O tele-trabalho, o exercício e alguma disciplina têm proporcionado o cansado que o sono precisa. Felizmente não tenho padecido de perturbações do sono. Acordei a pensar no estado em que estamos. Como é costume dizer, isto está a perder qualquer graça que possa alguma vez ter tido. Nunca teve graça alguma e cada vez tem menos. Até agora a coisa foi andando mas o mundo não parou e sinto que preciso de descer à terra. Começo a precisar de coisas normais, coisas como ir ao barbeiro, ao dentista, fazer análises, ir ao oftalmologista, ao urologista, decidir o que faço nas férias, ir dar um passeio na praia, almoçar a um restaurante, beber um café, dar uma volta no Chiado. Assim não dá! #EuQueroVoltar. Estou cansado, farto, e não encontro sentido algum neste estar, no estado em que estamos. Tornou-se pegajoso, colou-se a nós, por fora e ainda mais por dentro. É dia de limpezas, além de limpar a nave preciso de limpar a cabeça. São tempos, como ontem ouvi, em que o querer não se conjuga com o possível. São conceitos que por ora estão distantes, afastados, mas felizmente em rotas convergentes bem lá adiante. Os ponteiros estão parados; nenhum dos instrumentos mostra o mínimo deslocamento, estamos suspensos em órbita faz quarenta e sete dias. Estamos em rota de aproximação mas em  órbita geoestacionária. Desejo-vos um excelente feriado de primeiro de Maio. #VaiFicarTudoBem

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