Covid Dia 46

Ontem foi dia de reabastecimento das naves de classe familiar. A ida à supernave de abastecimentos é sempre um momento de agitação, externa e interna. Por mais que mantenhamos a calma, que nos tentemos abstrair, sentimos o peso no ar, a voz que nos diz para sair dali quanto antes, sentimos o fantasma que paira. Em nosso redor, a maioria, tem o rosto tapado, evita-nos, furtivamente procura o nosso olhar. É estranho, no mínimo é estranho. Nunca antes tínhamos esperado à porta do super, nunca antes tínhamos tapado o rosto, embaciado os óculos a cada respiração, afastar-nos dos outros. Nunca antes a presença dos outros tinha tido este peso. As supernaves  são os locais onde este sentimento tem sido mais presente porque são os únicos locais em que nos últimos quarenta e seis dias tive contacto com muito mais gente que os dois ou três com que nos cruzamos nos passeios higiénicos na fronteira da nave. Encontramos uma vizinha com quem colocamos as notícias em dia. Na verdade, basicamente falamos do estado em que estamos e como o temos vivido. Precisamos confirmar se os outros estão na mesma situação, se não somos os únicos, senão enlouquecemos entretanto. Desejo um Bom Dia a todos e todas, está sol, estamos no último dia deste Abril, amanhã é feriado.
#EuQueroVoltar #VaiFicarTudoBem

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