Covid dia 19

Por estes dias, uma querida amiga, lembrou-me o quanto não nos apercebemos da sorte que temos em gostarmos de quem vive connosco. Recordo os meus avós. Ela, surda, gostava tanto dele que desligava o aparelho quando ele estava nos piores dias. Vejo esse acto, um acto de amor, de preservação daquela relação, das muitas décadas de união. Ele, por seu lado, refugiava-se no seu canto, acalmava, protegia o belo que ali havia. Juntos, sorriam, riam, comungavam dum mesmo viver. Quem está dá-nos a mão que podemos segurar, o abraço que tanto nos falta, o beijo que nos acalenta. Aos outros, nunca estivemos tão unidos por uma causa e ao mesmo tempo tão separados. São tempos de silêncio, de recolhimento, de meditação, de estamos com aqueles com quem convivemos. É o décimo nono dia que estamos num mundo distante, três dias passados do mês de Abril. Sejam felizes.

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