Aqui chegámos

Dobramos uma nova esquina. Esperam por nós na sua primeira morada, um novo lugar, uma casa mais no nosso caminho. Sentimos, no sorriso, nos olhos, no abraço, a alegria do reencontro, do desvendar do seu espaço, do seu novo viver, do estar. É um dia especial. Cruzamo-nos com gentes em festa, lutando pela liberdade. Lembram-nos a descida da avenida nos vinte e cinco de abril. Milhares de mil, escorrendo de todas as artérias, de sorriso no rosto, a luta nas bandeiras, nos cabelos ao vento, no grito de esperança. Somos visitas na terra que é deles, que agora também é um pouco nossa. Caminhamos, mostram-nos os cantos que os encantam, descobrimos outros que ainda não os tinham maravilhado. Nós estamos de passagem; eles por aqui vivem faz pouco. Falamos uma mescla, uma língua franca, um dialecto nosso. Que outras esquinas temos na nossa frente? A cada uma, sentimos a eternidade um pouco mais nossa, o passado como algo que duvidamos ter vivido. Como chegámos aqui? Como passámos de ser eles para ser quem somos? Recordamos o caminho, as esquinas, as ruas, mas não, de forma clara, a razão para as termos percorrido. Somente a certeza que seguimos um caminho, que as escolhas, feitas ou não, foram as que nos levaram aqui.

Comentários

  1. Deve ser estranho reviver momentos do vosso passado no nosso presente... Eu so espero que um dia os meus filhos tenham a mesma admiraçao por mim que a eu tenho por voces <3 Estou a espera da vossa proxima visita

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