Partiu

E por mais que não queiramos, por mais que nos habituemos, o partir é sempre o partir. De novo sentimos o
o vazio, a ausência, aquela sensação que dizemos ser somente nossa, só nós termos a capacidade de a traduzir numa única palavra, aquele sentir que, afinal, é universal, é igual para todos. Basta estarmos perto, por um instante que seja, e tudo volta ao inicio, o espaço volta a estar preenchido. O vazio volta quando partem. Sabemos que não são nossos mas nossos serão para sempre. O vazio agora é maior porque ele deixou de ser um só: passou a ser dois; quem sabe um dia três ou quatro ou mesmo mais. O vazio aumenta na proporção directa do multiplicar. Já não é só dele que sentimos falta mas do que ele criou. Não queremos que volte, queremos, simplesmente, que continue a ser quem é e que nós façamos parte desse novo estar. Um pouco adiante nos voltaremos a encontrar.

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