Este foi diferente

Existem anos assim, tão iguais, tão diferentes. Este iniciou-se numa esperança que só agora começa a concretizar-se; esperança que será do novo. Teve altos e baixos, como todos os anos, mas foi diferente: diferente na intensidade, como afinal os outros também; diferente na diversidade das emoções, como poucos outros o conseguiram. Diferente no adiar da promessa, na voz que constantemente parece questionar-nos se aquele é realmente o caminho, se fizemos bem em entrar em tal empreendimento. Diferente porque o lugar da casa ganhou forma, passou a existir. Diferente porque o Salvador quebrou o enguiço, amou por todos nós, entregou o coração a um momento mágico, a algo que nunca tínhamos sentido, a mostrar que a música é sentimento, que a alegria resulta desse sentir, da comunhão com os outros, que a última a morrer é mesmo a tal a que, cobardes ou valentes, nos agarramos sempre. Mesmo no inferno das chamas ela existirá, mesmo que não se cumpra, mesmo que só possa ser lembrada pelos afectos de quem tenta que não se esqueça, de quem insiste em estar presente, em ser diferente. Diferente porque o discípulo de Pedro, a quem o Salvador deu as chaves da esperança, veio visitar-nos, sempre pobre de coisas, sempre rico de amor. Foi com amor que o Zé, que também é Pedro, passou por nós, seguiu viagem, na esperança que o seu sorriso continue a ecoar para sempre, que o Pedro, que a voz rolava nas ondas hertzianas, se junte a ele, numa qualquer estúdio, lá em cima, onde anjos e arcanjos sejam o seu coro, uma esperança.

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