Um gato no muro
Quero ser a casa que os acolhe, o lugar que os aconchega. Quero sorrir quando chegarem, chorar quando partirem. Ser o cheiro a cal que nunca esquecerão, o almoço depois da praia, a preocupação quando tarde chegarem. A figueira no quintal, o banco de pedra na sua sombra, o cheiro doce no ar. A frescura das grossas paredes, o contraste com a canícula lá fora. A tijoleira nos pés, a madeira do tecto. O cheiro dos lençóis corados, a cobrir a velha cama; os ruídos no silêncio da noite, a alcofa que lhes embala o sono da tarde. O encanto nos olhos, a olharem para nós. O bolo e o chá quando tarde chegarem, os jantares na mesa grande, o gelado no passeio junto ao mar, a mão que precisam quando algo os assustar, um beijo na testa, quando precisarem de conforto, de um pouco de atenção. Tudo acontecer, sem terem que se preocupar; a sensação de liberdade sabendo que estamos ali. Um gato em cima do muro, percorrendo os telhados em volta, o lugar da casa que um dia poderão querer escrever.
Alexandre, belo texto!
ResponderEliminarAs memórias devem ser assim tratadas, com a ternura das imagens que nos percorrem e nos enchem de um doce sentir.
Os textos ganham a dimensão de tela com as cores que não desbotam!
Um abraço.
Abraço, obrigado
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