Boa Nova

Anúncio-vos a boa nova: ela chegou; veio para nos salvar. Faz uma falta do caraças para que esta coisa do Natal funcione. Agora sim, é Natal! Antes, somente tratámos de coisas menores, simples preparativos: algumas prendas, uma ou outra encomenda, almoços e jantares anuais, a árvore. Agora, finalmente, vai começar. Já nada falta.
Traz saudades de coisas simples, nossas: do meu puré de batata (feito de batatas); empadas; pastéis de bacalhau; bacalhau à Brás; comida de forno; de poder deitar-se no sofá. Nós, somente, temos saudades dela, do seu sorriso, da sua companhia. Basta-nos estar, voltar a estar, partilhar as pequenas coisas, ter um almoço saboroso, demorado e melhorado. Nada mais precisamos.
Foi um intervalo: senta-se na mesa da cozinha, como se ontem tivesse estado ali, sacia a saudade dos sabores, de nós. Rimos: que bom estarmos juntos. Parece que nada aconteceu, que hoje é somente um dia depois, dum ontem, sem descontinuidade. Não é verdade, sabemos, basta olhar para ela e ver como cresceu, como regressa ainda mais perfeita, diferente, igual.
É um intervalo: em pouco tempo, novamente, partirá, deixando um saquinho de alegria nos nossos corações. O futuro espera por ela, lá longe, aqui tão perto.