E depois?

E depois, de novo, fomos crianças, num circo gigante, do tamanho da praça, abarcando toda a cidade. Renovados, a desoras, deambulámos pela cidade fria; encantados com as luzes, espantámos os outros com a nossa indelével diferença, com os nossos olhos brilhando: olhámos, trocámos olhares, fomos observados. A luz morna acariciou a nossa pele fria.
- Onde vamos?
- Ali, ver as luzes.
- Vamos lanchar?
- Mais tarde.
- E depois?
Juntos - mão na mão, não fosse algum se perder - tirámos fotos, rímos, fomos por ali. Sentimos o doce vazio da ausência do tempo; aproveitámos enquanto o imparável tic-tac hiberna nos braços do Pai Natal.
- Amanhã temos festa de Natal.
- Isso é bom!
- Temos prendas; os meus pais vêm almoçar e jantar connosco.
Percorremos a passadeira vermelha; esperámos pelas luzes verdes. E depois, tudo o mágico fez desaparecer: foi bom acreditar, por uma infima fracção, que o arco já não era, que a excursão, que as luzes, jamais acabariam.

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