Ares do Saara
Faltava uma cara à mesa; estavam privados da sua bem temperada convivência. Indolentes, pela gula e pelo calor, comiam uma última sardinha, um pouco mais de salada; em silêncio olhavam o horizonte: uma ruga interrogativa despontava no rosto ausente.
Ser um viajante presente não é fácil, mesmo que as saudades sejam escovadas diariamente, digitalmente. Sim, era o que sentiam: saudades; desamparo. Uma vida paralela, cada vez mais dele, da qual passaram a conhecer apenas fragmentos: quando habituados estavam - pensavam - que tudo conheciam: um dia estaria ali, novamente, a refrescar-se com a princesa, sua irmã.
O tempo caía para sueste, flutuava em ares do Saara - o mar agitava-se; o capacete estava bem instalado: puxou-os para dentro, para o fresco, entre muros. Preguiçosos, procuravam nada fazer - os dias passavam em excesso de velocidade. Tanto fazia o que pensassem, estavam ali, vivos, prontos para mais uma refeição.
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