Saudades do futuro
Mais uma vez partiu. Tinha saudades, saudades do futuro, saudades da sua nova casa, saudades do mundo. Esteve cá a matar saudades durante duas semanas e partiu sem regresso definido. Reduzimos um pouco a falta que nos faz a sua companhia, permitimos que sentisse saudade do seu futuro e partisse novamente para outras terras, para longe de nós, para aquela terra fria, linda, ali ao virar da esquina, à distância dum avião mais um autocarro, à distância dum click. De manhã resmungava, como habitualmente, mas ia feliz. Regressava para onde quer estar agora, para o lugar que escolheu e que o acolheu desde que lá colocou o primeiro pé. Os amigos esperam-no e ele leva saudades, cheiros e sabores de cá para que eles conheçam um pouco da saudade que terá daqui a uns dias mas que, agora, é menor que a vontade que tem em estar lá. Tinha saudades de tudo aquilo, do monte de trabalhos que o espera, dos espaços que agora conhece, dos professores, dos colegas do mundo. Tinha saudades de partir, tinha saudades do mundo.
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