Escrever
Ontem, de manhã, a Maria Joāo perguntou-se qual era o tema da minha crónica de ontem - é assim que ela se refere aos pequenos textos que por estes dias me deu para escrever. Simplesmente não tinha tema e não publiquei nada. Limitei-me a começar a que hoje lhes dou a conhecer.
Para ser honesto, nunca tenho tema. Surge uma frase, uma ideia, começo a escrever e depois acabo por me aperceber que tudo aquilo está, de alguma forma, ligado e faz algum sentido - existe um tema. É, talvez, o que mais me cativa no acto de escrever. Algo entre um acto racional e outra coisa mais, que vai surgindo, sem um controlo totalmente consciente.
De tarde, terminei a leitura d'Os dias de Davanzati de Héctor Abad Facioline. Fiquei especialmente tocado pela frase: "Já nāo tenho tempo para ser outro, mas também nāo quero morrer sendo o mesmo".
Já tinha um tema mas nāo sabia o que fazer com ele. Fazia-me lembrar o António Variações e o Fernando Pessoa com os desasossegos que os atormentavam. Na verdade, a frase tocou-me porque é algo em que penso recorrentemente e que depois simplesmente abandono. É no que dá a meia idade - pensamentos patetas. Penso e depois concluo que não é mais que uma manifestaçāo do meu próprio desassossego. Porque será que ser o que sou não é suficiente? Será que na realidade fui sempre o que sou? Talvez seja somente preguisa ou cobardia de enfrentar o desconhecido, de mudar. Talvez seja somente a consciência que outros dependem de mim e ser quem sou dá-lhes a segurança que precisam para enfrentarem o mundo. Talvez seja porque simplesmente ser outro não implica, necessariamente, ser ou estar melhor. Também não acredito, como escreveu Lampedusa, que tudo deve mudar, para que tudo fique na mesma. Todos mudamos e necessariamente não alteramos radicalmente o nosso estado, é verdade, mas todos evoluimos e espero que o façamos para melhor, seja lá o que isso for.
Percebem agora melhor como são construídos estes textos? Não? Ora bolas! Simplesmente, sem um método ou talvez com algum. Espero que tenham nexo. Hoje deu-me para isto, para o que me havia de dar. Podia ser pior.
Para ser honesto, nunca tenho tema. Surge uma frase, uma ideia, começo a escrever e depois acabo por me aperceber que tudo aquilo está, de alguma forma, ligado e faz algum sentido - existe um tema. É, talvez, o que mais me cativa no acto de escrever. Algo entre um acto racional e outra coisa mais, que vai surgindo, sem um controlo totalmente consciente.
De tarde, terminei a leitura d'Os dias de Davanzati de Héctor Abad Facioline. Fiquei especialmente tocado pela frase: "Já nāo tenho tempo para ser outro, mas também nāo quero morrer sendo o mesmo".
Já tinha um tema mas nāo sabia o que fazer com ele. Fazia-me lembrar o António Variações e o Fernando Pessoa com os desasossegos que os atormentavam. Na verdade, a frase tocou-me porque é algo em que penso recorrentemente e que depois simplesmente abandono. É no que dá a meia idade - pensamentos patetas. Penso e depois concluo que não é mais que uma manifestaçāo do meu próprio desassossego. Porque será que ser o que sou não é suficiente? Será que na realidade fui sempre o que sou? Talvez seja somente preguisa ou cobardia de enfrentar o desconhecido, de mudar. Talvez seja somente a consciência que outros dependem de mim e ser quem sou dá-lhes a segurança que precisam para enfrentarem o mundo. Talvez seja porque simplesmente ser outro não implica, necessariamente, ser ou estar melhor. Também não acredito, como escreveu Lampedusa, que tudo deve mudar, para que tudo fique na mesma. Todos mudamos e necessariamente não alteramos radicalmente o nosso estado, é verdade, mas todos evoluimos e espero que o façamos para melhor, seja lá o que isso for.
Percebem agora melhor como são construídos estes textos? Não? Ora bolas! Simplesmente, sem um método ou talvez com algum. Espero que tenham nexo. Hoje deu-me para isto, para o que me havia de dar. Podia ser pior.
Comentários
Enviar um comentário